O texto publicado pelo director do semanário Expresso, José António Saraiva, há pouco mais de 15 dias, é um bom exemplo para aqui dar início a uma reflexão e debate – um dos propósitos deste blog –, sobretudo, por parte dos jornalistas; não apenas dos BONS, mas de todos eles!
De todo o artigo, não comento a afirmação «O jornalismo que o EXPRESSO faz não tem nada que ver com o jornalismo que se faz em alguns jornais», porque é o seu director que o diz;
em todo o caso, subscrevo a generalidade do artigo de José António Saraiva, num momento em que tanto se fala da necessidade de criar uma Ordem dos Jornalistas; e vocês, o que pensam disso?
Publico na íntegra o artigo assinado pelo director do Expresso:
«Os jornalistas
Eu costumo dizer que não tenho muitas das qualidades dos jornalistas – mas não tenho, também, muitos dos seus defeitos.
Talvez por não ser jornalista de raiz.
Como se sabe, formei-me em Arquitectura e antes de vir para o EXPRESSO como subdirector trabalhei 15 anos como arquitecto.
Isso pode contribuir para que tenha em relação ao jornalismo uma certa distância – que se traduzirá, aqui e ali, numa posição mais crítica.
Julgo, contudo, que seria saudável todos os jornalistas serem capazes de olhar o exercício da profissão com algum distanciamento.
Assim como há advogados bons e maus, médicos bons e maus, há jornalistas bons e maus.
Há jornalistas sérios e pouco sérios.
Há jornalistas com princípios e sem princípios.
Há jornalistas com talento e sem talento.
Por isso, não faz sentido um jornalista proteger outro só pelo facto de ser jornalista.
Pelo contrário: é bom que se comece a separar o trigo do joio e não se confunda o mau com o bom jornalismo, o jornalismo sério com o jornalismo sensacionalista, o jornalismo com regras com o jornalismo sem regras, o jornalismo que respeita a dignidade das pessoas com o jornalismo que salpica de lama toda a gente.
O jornalismo que o EXPRESSO faz não tem nada que ver com o jornalismo que se faz em alguns jornais.
Em relação a esse tipo de jornalismo, não devemos ser cúmplices – temos de ser críticos.
Para o jornalismo melhorar, é necessário que se comece a denunciar os excessos e os atropelos.
Juntar comida boa com comida estragada não dá comida assim-assim – dá comida estragada.
Juntar todo o jornalismo no mesmo saco conduzirá inevitavelmente ao descrédito de todos os jornalistas.».
20 Janeiro 2004
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