segunda-feira, abril 26, 2004

Obrigado, ...Liberdade!

Com o passar dos tempos, dos anos, dos séculos, o termo "herói" vulgarizou-se. Actualmente, não partilho muito da definição e utilização do termo, precisamente por se ter vulgarizado; mas acredito que existiram alguns "heróis" - ou homens/mulheres com H (grande), se preferirem - que se distinguiram na história mundial e nacional; como estamos a comemorar os 30 anos do 25 de Abril, relembro aqui um, dos poucos, "meus heróis". Trata-se do capitão Salgueiro Maia, um dos "revoltosos" da "Revolução de Abril", cuja acção se destacou por ter comandado, no dia 25 de Abril de 1974, uma coluna militar, de Santarém a Lisboa, onde ocupou o Terreiro do Paço e o Quartel do Carmo, uma das acções que resultaram na queda do Governo ditatorial da época;
O capitão Maia - como era conhecido - nasceu em 1944, em Castelo de Vide. Mais tarde estudou em Tomar e em Leiria (a minha cidade Natal). Em 1966 entrou na Escola Prática de Cavalaria de Santarém, seguindo-se as incursões de combate na Guiné e em Moçambique, resultado da "Guerra Colonial".
Depois do 25 de Abril de 1974, Salgueiro Maia nunca aceitou qualquer cargo político, a contrário de outros "aclamados heróis" da "Revolução dos Cravos". O capitão Maia morreu a 3 de Abril de 1992, portanto, há 12 anos, em Santarém, a cidade de onde partiu para, talvez, a "maior aventura" da sua vida, também ela responsável pela liberdade com que escrevo agora. Obrigado,...Liberdade!

Este é o último "post" que escrevo sobre os 30 anos do 25 de Abril, e termino-o com a letra de uma música – uma das minhas preferidas – que ficou associada àquele momento da nossa história, dado que foi uma das "senhas" da "Revolução"; trata-se do tema "E Depois do Adeus", interpretado por Paulo de Carvalho, com música de José Calvário e letra de José Niza - venceu o festival da canção de 1974, o primeiro pós-"Revolução dos Cravos":

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

Nota: José (Zeca) Afonso foi outro cantor, músico e compositor que ficou associado à época de "luta pela liberdade"; conheça-o um pouco mais aqui.

Os "cortes e a tesoura" da Censura

Como já aqui escrevi uma vez, foi nos meus 18 anos que descobri que queria ser jornalista. Decidi-o na altura em que frequentava a disciplina de Jornalismo no Ensino Secundário, e essa convicção fortaleceu-se quando fiz um trabalho sobre a "Censura na Imprensa Portuguesa", o qual me valeu 18 valores; mais tarde, tive a oportunidade de aprofundar bastante o tema, ao realizar um outro trabalho para uma disciplina da licenciatura em Jornalismo.
Ora, como aquele trabalho está associado a uma data que presentemente estamos a comemorar, publico aqui um pequeno excerto daquele trabalho, e que retrata bem o que ganhámos, todos (jornalistas, comunicadores e cidadãos), com a "Revolução de Abril", pois o que se segue é um pequeno, mas real, retrato do "corte e da tesoura" da censura a que estivemos condicionados; com isto, quero também homenagear os jornalistas que durante os 40 anos que antecederam o 25 de Abril lutaram contra a censura e pela liberdade de imprensa:

«Os Segredos da Censura», de César Príncipe (alguns extractos de um arquivo de ordens de Censura do «Jornal de Noticias, recolhidos durante o Estado Novo) :

. Circular nº 10/67: «Confirmando a comunicação feita pelo telefone, ontem à noite, comunico a V. Ex. que devem ser presentes a esta Comissão de Censura as provas da notícia que se refira à chegada a Portugal de Monsenhor Macchi da Secretaria de Estado do Vaticano. A BEM DA NAÇÃO». (28-2-67)

. «O ministro dos Negócios Estrangeiros (*) presidiu à sessão da Sociedade de Geografia sobre o "Dia da Comunidade". Encerrou a sessão, mas não podem dar as palavras dele. Falou de improviso e ele não gosta que dêem os discursos Quando é assim. Muita cautela.» (23-4-67)

. «Fornecimento de tecidos a Força Aérea, sem Concurso - CORTAR.» (4-5-67)

. «Títulos chocantes e alarmantes. Por exemplo 30 000 crianças mortas de fome na Bolívia. - CORTAR.» (26-6-67)

. «Declaração do Dr. Marcelo Caetano aos jornalistas - CORTAR. Expulsão de dois jornalistas suecos - CORTAR.» (26-9-68)

. «Não dar relevo aos títulos dos telegramas sobre greves de operários e estudantes.» (5-12-68)

. «Universitárias varrem a Faculdade de Letras de Lisboa - CORTAR.» (7-12-68)

. «Telegrama 140, da Reuter. Não aludir, no título, ao Partido Comunista Português, pois é coisa que não existe.» (25-10-68)

. «Reuter (de Paris). Fala na utilização da pílula. Não falar em pílula, no título.» (4-2-69)

. «(..) Um rapaz e uma rapariga fugiram de casa. Quanto à residência da rapariga - não dizer que ela mora na barraca nº1527.» (5-5-69)

. «Tourada à antiga portuguesa a realizar na Rússia - CORTAR.» (12-8-69)

. «Navio Cunene - não se pode dizer no título, que foi construído na Polónia.» (22-12-69)

. «Na posse do 2.º comandante da PSP de Lisboa - disse-se que ele já fez três comissões de serviço no Ultramar, a primeira "logo na eclosão da guerra". Ora, não há guerra. Não se pode dizer isso. Deve ter sido confusão do repórter...» (12-1-70)

. «O bispo do Porto destacou a vantagem de nos voltarmos para a Europa". Só pode ser assim: "O bispo do Porto em Penafiel". No texto é CORTADO tudo o que seja política, visto que um bispo não tem de falar em política.» (2-7-70)

. «Nada de fotos sensacionalistas do funeral do Dr. Salazar, isto é, que mostrem a D. Maria a beijar o morto. (...) Em Coimbra havia muita gente na estação. Não dizer que isso foi devido a ter fechado o comércio.» (30-7-70)

. «(...) Morte de Georg Lukacs. Não pôr, em título, filósofo marxista. Filósofo pode sair, marxista não.» (5-6-71)

. «Título da Assembleia Nacional CORTADO: "Há mais de 40 anos que Portugal espera a Lei de Imprensa".» (27-7-71)

. «Chama-se de novo a atenção para o artigo 101, do decreto-lei 150/72: "Nos textos ou imagens publicados não é consentida qualquer referência ou indicação de que foram submetidos a Exame Prévio.» (2-6-72)

. «No Parque Eduardo VII, em Lisboa, numa rusga policial, foram presos 24 indivíduos - vadios, prostitutas e homossexuais. Pode-se falar-nos vadios e nas prostitutas, mas não nos homossexuais.» (12-8-72)

. «(...) Projecto do Código Deontológico dos jornalistas - CORTAR.» (5-1-73)

. «Palma Inácio - CORTAR pormenores da prisão, tais como: "algemado de mãos e pés". (...)» (29-11-73)

. «Absolvição do director e redactores do Expresso - MANDAR. A absolvição pode dar-se, mas não as considerações do juiz a justificar a decisão. ISTO é para CORTAR.» (13-2-74)

. «CIRCULAR: Para os devidos efeitos, elucido V. Ex. de que todas as notícias de sessões públicas de qualquer índole devem, sem excepção, ser submetidas a exame prévio. A BEM DA NAÇÃO.» (18-4-74)

(...)».

domingo, abril 25, 2004

Uma "boa" Visão dos 30 anos do 25 de Abril

As últimas duas edições da revista Visão trouxeram para as bancas, sem termos de pagar um tostão a mais, dois trabalhos sobre a "Revolução dos Cravos". O primeiro desses trabalhos, intitulado "Os Dias da Liberdade" - Especial 30 Anos 25 de Abril, é um verdadeiro trabalho sobre parte da "nossa" história; dos antecedentes do 25 de Abril, passando pela Guerra Colonial, os passos, hora a hora, da "Revolução", fotografias, e a comparação do Portugal de 1974 e o da actualidade resume as 84 páginas daquela edição, que traz ainda um texto inédito de José (Zeca) Afonso e um artigo de Mário Soares; vale a pena ler!
A outra publicação da Visão, uma edição do passado dia 22 de Abril, é um caderno de 36 páginas com "As fotos de Sebastião Salgado". Segundo a Visão, algumas das fotografias "são inéditas em álbum" e foram obtidas no nosso país por aquele fotógrafo brasileiro, nos anos de 1974 e 1975; também recomendo, sobretudo para aqueles que gostam de fotojornalismo.

Não posso também deixar de destacar a última edição da revista "Única", uma publicação do semanário Expresso, que nos traz "Outras histórias dos anos da revolução", traduzindo-se, como é habitual do Expresso, num excelente trabalho jornalístico, onde não faltam as fotografias de alguns dos momentos que marcaram o virar de uma das páginas da história de Portugal, talvez, a mais importante do século XX.
Neste contexto, destaco ainda um jogo lúdico, lançado, pela primeira vez em Portugal, pelo mesmo semanário, sobre o 25 de Abril; pena que seja uma edição limitada. Tive a oportunidade de passar parte da tarde de hoje (domingo, 25 de Abril) a jogar, e, para além de me ter divertido imenso, considero que se trata de um jogo muito educacional e cultural, que nos leva a "(re)visitar" parte da nossa história, mas, mais do que isso, a aprender mais sobre o que foi o 25 de Abril; aconselho a todas as famílias portugueses, e, por isso, espero que o Expresso tenha a oportunidade de o vir a colocar à venda.

Nota: a última edição do Expresso trouxe-nos, pela primeira vez com aquele semanário, a revista desportiva "Doze"; penso que é o que faltava para que o jornal abrangesse ainda melhor todo o tipo de informação, neste caso, a desportiva; o processo "Apito Dourado" e um trabalho sobre o número 10 da Selecção, Rui Costa, são alguns dos destaques deste magazine.

sábado, abril 24, 2004

Mudem o código deontológico dos jornalistas!

Não é a primeira vez que abordo aqui este assunto. Isto é: a informação televisiva confunde-se algumas vezes (e cada vez mais) com entretenimento e "espectáculo" em directo. Não se trata, como alguém chamou na altura da primeira guerra no Golfo Pérsico (durante a ocupação do Iraque no Kuwait), de "informação (massiva) em directo"; vou dar-vos alguns exemplos, um deles recente:
Hoje, ao início da madrugada, quando Valentim Loureiro saiu em liberdade do Tribunal de Gondomar, vários órgãos, senão todos, da comunicação social nacional, aguardavam no exterior por conseguir algumas palavras do "major", aliás, como seria de esperar. Até aqui tudo bem. E, claro está, sucederam-se os directos televisivos; o mesmo aconteceu minutos depois, com a chegada de Valentim Loureiro à sua residência; à sua espera estavam mais alguns jornalistas (não tantos como minutos antes), na "ânsia", compreensiva e legítima, de obter mais algumas palavras do mesmo interlocutor; voltaram os directos, e foi através deles que os telespectadores assistiram a emoção da família do "major" com a sua chegada a casa, nomeadamente, a emoção da sua filha, que proferiu, por várias vezes, o orgulho que tinha do pai (se o contrário acontecesse é que seria de admirar);
O que quero dizer com isto, é que, se compreendo a presença dos canais de televisão, e, por consequência dos "directos", que transmitiram aquele momento de emoção, por outro lado, não compreendo porque essas imagens passaram vezes sem contas ao logo do dia nas televisões portuguesas; que informação trouxeram aquelas imagens ao telespectador? Uma coisa é a sua transmissão em directo, outra é voltarem aos ecrãs vezes sem conta, visto que, aquilo não é informação, mas sim "espectáculo televisivo"; e, atenção, eu sou um comunicador, mas também um telespectador, e, tal como eu, muitos outros telespectadores fazem a mesma análise; eu conheço alguns! Mais uma vez, demos um passo atrás na (des)informação!

Outro exemplo que não resisto escrever aqui, e que também foi alvo de alguma controvérsia, foram as imagens, diga-se "violentas", transmitidas sobre a ameaça de raptores a cidadãos japoneses, no Iraque, há mais de dez dias; não sou um "censor" da imagem, mas há limites (tem de haver!) na informação; que ficou o telespectador a saber, a conhecer, a mais, com a transmissão de imagens que mostravam facas apontadas aos cidadãos, cujos rostos eram perfeitamente identificados nas imagens? Não estiveram os "jornalistas/comunicadores" envolvidos na captação daquelas imagens a fazer o jogo dos raptores? É preciso, de uma vez por todas, pensar nisto, caso contrário, mudem o código deontológico dos jornalistas, porque ele é, cada vez mais, menos respeitado! Mas se assim acontecer, não quero mais ser jornalista!

quinta-feira, abril 15, 2004

Nasceu jornal de negócios regional

"Prime Negócios". Assim se chama o novo jornal de economia do País, o primeiro do género com cobertura regional, neste caso, como uma área de influência geográfica em seis distritos da região Centro. São eles: Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu: A redacção desta publicação mensal está localizada em Leiria, e a primeira edição (número zero) foi para as bancas no passado dia 7 de Abril, a primeira quarta-feira do corrente mês, assim como acontecerá em todas as primeiras quartas-feiras de cada mês.
Na primeira edição, o jornal faz "manchete" de uma entrevista ao ex-ministro da economia Pina-Moura, que afirma àquele mensário que «não há margem para baixar impostos».
O jornal é dirigido pelo jornalista leiriense António José Laranjeira e o preço de venda em banca é de 2 euros.

Acreditação de jornalistas para o “Rock in Rio-Lisboa”

Recebi o e-mail abaixo que é do interesse de jornalistas e fotógrafos:

«De forma a garantir o correcto controlo dos dados, os pedidos de credenciação de jornalistas para o Rock in Rio-Lisboa serão centralizados através do site oficial. Todos os jornalistas e/ou órgãos de comunicação social interessados em fazer a cobertura noticiosa do evento deverão aceder a www.rockinrio-lisboa.sapo.pt e entrar na área reservada à imprensa. O período para solicitação das credenciações termina a 30 de Abril de 2004. Por questões de segurança, as credenciais serão personalizadas. Devido ao número limitado de credenciais a atribuir à imprensa, cada pedido será analisado separadamente pela assessoria de imprensa e organização do festival que definirão quais os jornalistas/ órgãos de comunicação social a credenciar.

Como fazer a acreditação:
Ao entrar na área de "Imprensa", basta clicar em "Acreditação" e terão acesso a um formulário que deverão preencher. De forma a garantir credibilidade da informação, os pedidos deverão anexar (através do browse) os documentos solicitados no formulário (cópia digitalizada da carteira profissional de jornalista, do bilhete de identidade e declaração do órgão de comunicação social para o qual pretendem realizar o trabalho). Todos aqueles que solicitaram acreditação para o Rock in Rio-Lisboa serão contactados através do e-mail que registaram no formulário aquando do pedido até ao dia 14 de Maio com a resposta ao seu pedido. Nesse e-mail irão também constar todas as informações para o levantamento das credenciais e do Manual do Jornalista, com as normas de utilização da Sala de Imprensa e regras para a cobertura noticiosa do evento.
Para mais informações ou para esclarecer quaisquer dúvidas sobre este processo, não hesitem em contactar (Em Portugal):
Bairro Alto - 21 466 65 00; Catarina Amorim (camorim@balto.pt) ou Sofia Lareiro (lareiro@balto.pt)
Sofia Lareiro - Gestora de Comunicação; lareiro@balto.pt
Bairro Alto, Consultores de Comunicação, SA
Rua Dr. Manuel de Arriaga, nº1; 2765-244 Estoril; Tel.: + 351 21 466 65 00; Fax: + 351 21 466 65 19; www.balto.pt

quarta-feira, abril 14, 2004

"Pulitzer" já tem premiados

Já se sabe quem são os vencedores dos "Prémios Pulitzer" de 2004; de entre as 22 distinções (este ano 21, visto que na categoria "Feature Writing" não houve nenhum premiado), destaco a fotojornalista Carolyn Cole, do jornal "Los Angeles Times", na categoria de "Fotografia", premiada pelo trabalho realizado sobre a guerra civil na Libéria; vale a pena ver! (as fotografias estão disponíveis no mesmo site acima indicado).

domingo, abril 11, 2004

Os meios justificam os fins? A que custo e a troco de quê?

No final desta semana fui apanhado de surpresa quando li um determinado artigo num jornal regional (de concelho). A minha surpresa deveu-se àquilo a que eu classifico de falta de profissionalismo, para não dizer mesmo, mau jornalismo e falta de ética; isto porque, para meu espanto, o referido artigo, de cerca de 1.000 caracteres, resumia um outro artigo por mim publicado uns dias antes, sem fazer qualquer referência à fonte, neste caso, ao jornal onde o publiquei. Não tenho qualquer tipo de dúvida de que se trata de plágio, até porque, a notícia em questão analisava números estatísticos relacionados com um tema de saúde, os quais tive acesso através de uma fonte, que, por sua vez, os obteve através de uma associação nacional da área da saúde. O plágio é tão descarado, que há até um parágrafo, com excepção de uma ou duas palavras, igual ao por mim publicado;
Sei que, infelizmente, no nosso País casos como este não são excepção e raramente os "infractores" são punidos, por inépcia dos próprios jornalistas e das entidades que deveriam actuar nestes casos, por exemplo, a Alta Autoridade para a Comunicação Social;
É também por estas e outras situações, as quais violam o Código Deontológico dos Jornalistas, que, como já aqui escrevi, o mau é tomado pelo todo, e, como consequência, a imagem do jornalismo em Portugal é, cada vez mais, negativa para os leitores, ouvintes e telespectadores.
Acredito que isso acontece, não por não se estar a formar jovens jornalistas, – como ouvi a jornalista do Expresso Felicia Cabrita afirmar, há cerca de um mês, no programa "Clube dos Jornalistas", no canal "Dois – mas porque não pode ser jornalista ou director de um qualquer meio de comunicação quem quer, mas quem sabe, o que, infelizmente, acontece cada vez menos;
Quantos maus jornalistas estão a ocupar o lugar de bons jornalistas, cada vez mais relegados para o desemprego? E a custo de quê?
A resposta é conhecida pela maioria dos jornalistas, que, no meu entender, é uma classe profissional cada vez mais desunida, a troco, muitas vezes, daquilo a que se chama uma "boa história";
Sobre se os meios justificam os fins, o tempo o dirá!

A outra forma de comunicar dos jornalistas

Numa outra publicação do semanário Expresso, a revista "Actual", saiu um artigo muito interessante, na edição de 27 de Março último, sobre as "editoras que apostam no jornalismo".
Segundo o artigo publicado, de José Pedro Castanheira, «são já dez as editoras que criaram colecções sobre ciências da comunicação e jornalismo, com mais de cem títulos publicados». O texto refere que «a editora com maior número de títulos (38) é a Minerva, de Coimbra, dirigida por Mário Mesquita» (jornalista e ex-provedor dos leitores do Diário de Notícias). Aliás, o mais recente título editado por aquela editora chama-se "O Quarto Equívoco - O Poder dos Media na Sociedade Contemporânea", do próprio Mário Mesquita.
Mas há outras publicações recentes, como o livro de Carlos Fino, jornalista da RTP, que escreveu "A Guerra em Directo", que é o testemunho do que aquele profissional presenciou nos conflitos no Afeganistão e no Iraque.
Também os "blogs" não escapam a esta "onda" de novas publicações, como é exemplo o livro "Weblogs. Diário de Bordo", dos jornalistas António Granado e Elisabete Barbosa, uma edição da Porto Editora. Ainda neste capítulo, destaque para o livro "Blogs", de Paulo Querido e Luís Ene, da editora Centro Atlântico, que se assume como uma "ferramenta" essencial para aqueles que estão a dar os primeiros passos no "mundo da blogosfera", obra que não resisti a ler e que me ajudou também a iniciar-me neste tipo de comunicação.
Como já referi, são muitas as publicações sobre jornalismo e comunicação, e para os interessados por este tipo de leitura deixo os nomes das editoras e respectivas colecções onde podem encontrar os vários títulos naquela área, que é uma outra forma de comunicar dos jornalistas:
Campo das Letras (Campo dos Media); Dom Quixote (Cadernos DQ Reportagem); Livros Horizonte (Media e Jornalismo); Minerva (Comunicação; Ciências da Comunicação; Cadernos Minerva); Editorial Notícias (Media e Sociedade); Porto Editora (Comunicação); Relógio D'Água (Mediações); Temas e Debates (Biblioteca Expresso/Temas e Debates); Vega (Comunicação e Linguagens) e Verbo (Media Hoje).

O caso em que o "crime" compensa!...

Lembram-se do jornalista que se infiltrou no Palácio de Buckingham, em Inglaterra, disfarçado de criado, onde trabalhou de Outubro a Novembro de 2003, período em que o presidente dos EUA, George Bush, visitou aquele País? Pois parece que a "proeza" levou Ryan Parry, do tablóide "Daily Mirror", a receber duas distinções da British Press Awards, ou seja, os "óscares" da imprensa britânica.
O jornalista chegou a servir comida à Rainha Isabel e a preparar os quartos dos convidados, nomeadamente do presidente dos EUA. Com isto, Ryan Parry quis demonstrar a deficiente segurança que existia no Palácio, caso que provocou um escândalo naquele País.
Agora, um porta-voz de Buckingham veio a público considerar a atribuição daqueles prémios «uma vergonha», pela «falta de ética moral» daquele profissional da comunicação.
É caso para dizer que o "crime" compensa, e não me parece que haja qualquer tipo de falta de ética no trabalho realizado pelo jornalista; certamente que depois da publicação da "história", a segurança naquele Palácio nunca mais foi, ou será, a mesma, isto é, deficiente!

...e o(s) caso(s) em que o crime não compensa... nunca!

A edição do passado dia 27 de Março da revista "Única", do semanário Expresso, publicou a seguinte notícia:

«Repórter forjou notícias durante 10 anos

O maior diário norte-americano, "Usa Today" (2,2 milhões de exemplares), reconheceu que Jack Kelley, repórter-estrela da secção internacional, inventou várias notícias entre 1993 e 2003. Entre os artigos falsificados contam-se o relato de um encontro com terroristas egípcios e uma entrevista com a alegada filha de um general iraquiano.
Kelley foi nomeado cinco vezes para os prémios Pulitzer. O jornalista demitiu-se em Janeiro, depois de ter obstruído a investigação do jornal a seu respeito, durante o qual foram passados a pente fino os 720 artigos que ele assinou nesses 10 anos».

...ora aqui está um bom exemplo de que "o crime não compensa!"... mas é com acções destas que, muitas vezes, se toma a parte pelo todo, ou seja, o mau substitui o bom profissionalismo, porque, infelizmente, os maus exemplos perduram no tempo... para mal de todos nós, comunicadores e jornalistas.

quarta-feira, abril 07, 2004

Novos concursos e prémios de comunicação

O "site" do Sindicato dos Jornalistas divulga novos concursos, prémios e premiados na comunicação social, alguns dos quais citados abaixo, e cujas notícias podem ser lidas na página on-line daquele sindicato, alojada em http://www.jornalistas.online.pt

«Pulitzer 2004 premeiam cobertura de conflitos

Artigos de órgãos de comunicação social dos Estados Unidos sobre as guerras do Iraque, da Libéria e do Vietname obtiveram o reconhecimento dos prémios Pulitzer 2004, divulgados a 5 de Abril. (...)».


«Prazo prolongado para Melhor Desenho Jornalístico ibérico

O prazo de inscrição para a primeira edição do concurso do Melhor Desenho Jornalístico Espanha-Portugal foi alargado até 1 de Maio de 2004, anunciou a secção espanhola da Society for News Design (SND-E). (...)».


«Prémio Orlando Gonçalves para jornalismo de investigação

As candidaturas ao Prémio Literário Orlando Gonçalves, este ano dedicado a trabalhos de jornalismo de investigação ou reportagem, estão abertas até 30 de Junho. (...)».


«Prémio UNESCO para Raúl Rivero

O jornalista cubano Raúl Rivero Castañeda recebeu o Prémio Mundial de Liberdade de Imprensa UNESCO/Guillermo Cano 2004, como “tributo ao seu longo e corajoso compromisso para com o jornalismo independente”. (...)».