segunda-feira, abril 26, 2004

Obrigado, ...Liberdade!

Com o passar dos tempos, dos anos, dos séculos, o termo "herói" vulgarizou-se. Actualmente, não partilho muito da definição e utilização do termo, precisamente por se ter vulgarizado; mas acredito que existiram alguns "heróis" - ou homens/mulheres com H (grande), se preferirem - que se distinguiram na história mundial e nacional; como estamos a comemorar os 30 anos do 25 de Abril, relembro aqui um, dos poucos, "meus heróis". Trata-se do capitão Salgueiro Maia, um dos "revoltosos" da "Revolução de Abril", cuja acção se destacou por ter comandado, no dia 25 de Abril de 1974, uma coluna militar, de Santarém a Lisboa, onde ocupou o Terreiro do Paço e o Quartel do Carmo, uma das acções que resultaram na queda do Governo ditatorial da época;
O capitão Maia - como era conhecido - nasceu em 1944, em Castelo de Vide. Mais tarde estudou em Tomar e em Leiria (a minha cidade Natal). Em 1966 entrou na Escola Prática de Cavalaria de Santarém, seguindo-se as incursões de combate na Guiné e em Moçambique, resultado da "Guerra Colonial".
Depois do 25 de Abril de 1974, Salgueiro Maia nunca aceitou qualquer cargo político, a contrário de outros "aclamados heróis" da "Revolução dos Cravos". O capitão Maia morreu a 3 de Abril de 1992, portanto, há 12 anos, em Santarém, a cidade de onde partiu para, talvez, a "maior aventura" da sua vida, também ela responsável pela liberdade com que escrevo agora. Obrigado,...Liberdade!

Este é o último "post" que escrevo sobre os 30 anos do 25 de Abril, e termino-o com a letra de uma música – uma das minhas preferidas – que ficou associada àquele momento da nossa história, dado que foi uma das "senhas" da "Revolução"; trata-se do tema "E Depois do Adeus", interpretado por Paulo de Carvalho, com música de José Calvário e letra de José Niza - venceu o festival da canção de 1974, o primeiro pós-"Revolução dos Cravos":

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

Nota: José (Zeca) Afonso foi outro cantor, músico e compositor que ficou associado à época de "luta pela liberdade"; conheça-o um pouco mais aqui.

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