domingo, abril 11, 2004

Os meios justificam os fins? A que custo e a troco de quê?

No final desta semana fui apanhado de surpresa quando li um determinado artigo num jornal regional (de concelho). A minha surpresa deveu-se àquilo a que eu classifico de falta de profissionalismo, para não dizer mesmo, mau jornalismo e falta de ética; isto porque, para meu espanto, o referido artigo, de cerca de 1.000 caracteres, resumia um outro artigo por mim publicado uns dias antes, sem fazer qualquer referência à fonte, neste caso, ao jornal onde o publiquei. Não tenho qualquer tipo de dúvida de que se trata de plágio, até porque, a notícia em questão analisava números estatísticos relacionados com um tema de saúde, os quais tive acesso através de uma fonte, que, por sua vez, os obteve através de uma associação nacional da área da saúde. O plágio é tão descarado, que há até um parágrafo, com excepção de uma ou duas palavras, igual ao por mim publicado;
Sei que, infelizmente, no nosso País casos como este não são excepção e raramente os "infractores" são punidos, por inépcia dos próprios jornalistas e das entidades que deveriam actuar nestes casos, por exemplo, a Alta Autoridade para a Comunicação Social;
É também por estas e outras situações, as quais violam o Código Deontológico dos Jornalistas, que, como já aqui escrevi, o mau é tomado pelo todo, e, como consequência, a imagem do jornalismo em Portugal é, cada vez mais, negativa para os leitores, ouvintes e telespectadores.
Acredito que isso acontece, não por não se estar a formar jovens jornalistas, – como ouvi a jornalista do Expresso Felicia Cabrita afirmar, há cerca de um mês, no programa "Clube dos Jornalistas", no canal "Dois – mas porque não pode ser jornalista ou director de um qualquer meio de comunicação quem quer, mas quem sabe, o que, infelizmente, acontece cada vez menos;
Quantos maus jornalistas estão a ocupar o lugar de bons jornalistas, cada vez mais relegados para o desemprego? E a custo de quê?
A resposta é conhecida pela maioria dos jornalistas, que, no meu entender, é uma classe profissional cada vez mais desunida, a troco, muitas vezes, daquilo a que se chama uma "boa história";
Sobre se os meios justificam os fins, o tempo o dirá!

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