No programa "Opinião Pública", da SIC, a 12 de Março, um dia depois dos ataques terroristas em Madrid, um telespectador que interviu telefonicamente no programa, chamou a atenção dos "media" para a necessidade de aprofundarem mais sobre a raízes do terrorismo, ou seja, e passo a citar uma das suas afirmações: «Não existe terrorismo por acaso»; e o mesmo telespectador adiantou, mais ou menos isto: «Porque os comentadores não reflectem sobre isso?».
Ora aqui está uma sugestão dirigida aos vários meios de comunicação, que, apesar de fazerem (e o terem feito outras tantas vezes) várias peças jornalísticas sobre as causas/origens/motivações do terrorismo, provavelmente não deram a esta matéria o mesmo destaque que dão a tantas outras;
Sem o querendo fazer aqui, até porque não é o lugar apropriado, publico algumas datas e informações que já fazem parte da história, e que poderão ajudar, de alguma forma, a compreendermos porque algumas das "coisas" acontecem no nosso mundo;
Da informação que disponibilizo a seguir, não quero transformar os Estados Unidos da América nos "maus" da civilização mundial, até porque, muitas das situações teriam de ser contextualizadas historicamente, como o período da "Guerra Fria", por exemplo, mas algumas das explicações que aquele telespectador procura poderão também encontrar-se nos acontecimentos abaixo referidos:
1953: Os Estados Unidos da América (EUA) derrubam o primeiro-ministro Mossadeq do Irão e instalam o Xá como ditador;
1954: Os (EUA) derrubam o presidente Arbenz, da Guatemala, democraticamente eleito – morreram 200 mil civis;
1963: Os EUA apoiam o assassínio do presidente Diem, do Vietname do Sul;
1963-1975: O exército dos EUA mata 4 milhões de pessoas no Sudoeste Asiático;
11 de Setembro de 1973: Os EUA organizam um Golpe de Estado no Chile, onde o presidente democraticamente eleito Salvador Allende é assassinado – como consequência, o ditador Augusto Pinochet instala-se no poder: no período que se seguiu, foram assassinados 5 mil chilenos;
1977: Os EUA apoia o governo militar de El Salvador – como consequência, morreram 70 mil salvadorenhos e quatro freiras americanas;
1980: Os EUA treinaram Osama Bin Laden e terroristas associados para matar soviéticos. A CIA dá-lhes 3 mil milhões de dólares;
1981: O administração de Ronald Reagan, presidente dos EUA, treina e financia os denominados "Contras", para actuarem na Nicarágua – em consequência, morreram 30 mil nicaraguenses;
1982: Os EUA dão a Saddam Hussein, presidente do Iraque, milhares de milhões de dólares em armamento para matar iranianos, na guerra que o Iraque travava com o Irão;
1983: A administração americana dá, secretamente, armas ao Irão para matar iraquianos;
1989: o agente da CIA, Manuel Noriega, e também presidente do Panamá, desobedece às ordens do governo americano – como consequência, os EUA invadem o Panamá e afastam o general Noriega do poder; resultado: morreram 3 mil civis panamianos;
1990: O Iraque, ainda sobre a presidência ditatorial de Saddam Hussein, invade o Kuwait com armas que lhe tinham sido vendidas pelos EUA;
1991: Os EUA invadem o Iraque para repor no poder o, igualmente, ditador do Kuwait;
De 1991 até 2002: aviões norte-americanos bombardearam, por várias vezes, o Iraque; resultado: as Nações Unidas calculam que 500 mil crianças iraquianas morreram devido a bombardeamentos e sanções impostas ao povo iraquiano;
1998: O presidente dos EUA, Bill Clinton, bombardeia uma alegada "fábrica de armamento" no Sudão (país fortemente islâmico) – veio a saber-se que a referida fábrica produzia "Aspirina";
20 de Abril de 1999: Os EUA fazem o maior bombardeamento, registado até então, no Kosovo, largando 22 mísseis sobre a zona residencial da vila de Bogutovac, perto de Kraljevo; das zonas atingidas, consta um hospital e uma escola primária – morreram, para além de militares, civis;
2000-2001: Os EUA dão ao Afeganistão, na altura liderado pelos "Talibans" de Osama Bin Laden, 245 milhões de dólares em "ajudas";
11 de Setembro de 2001: Osama Bin Laden usa o que aprendeu com agentes da CIA para assassinar 3 mil pessoas, nos ataques terroristas contra alvos civis nos EUA;
2003: OS EUA invadem o Iraque – para além dos milhares de mortos iraquianos que resultaram da acção, morreram, até à data, quase 300 militares norte-americanos, em solo iraquiano;
13 de Março de 2004: Quem nos dera a nós, comunicadores, saber o que ainda está para acontecer! No entanto, temos a responsabilidade de, imparcialmente e objectivamente, publicar, mostrar e falar da informação que está "para trás".
sábado, março 13, 2004
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