quarta-feira, março 17, 2004

Espanha na "mira" dos "media" nacionais

O e-mail do "para-jornalistas" recebeu esta semana o "desabafo" de um leitor deste blog, que considero pertinente publicá-lo aqui, por se tratar de um assunto que "atinge" os meios de comunicação, neste caso, o jornalismo radiofónico e televisivo, segundo este mesmo leitor; foi-me pedido que abordasse o assunto neste "blog", mas melhor do que as minhas palavras, parece-me mais interessante publicar um excerto das suas palavras, que poderão, igualmente, exprimir o pensamento de muitos outros cidadãos deste País.

«(...)
O que me chamou mais a atenção nestes últimos diz foi a excessiva cobertura dada à Espanha. Nunca me tinha algum dia passado pela cabeça que teria de ouvir alguém explicar como são os boletins de voto em Espanha, os passos que se dão para colocar uma cruz num pedaço de papel e por aí adiante. Parece-me excessivo por, em primeiro lugar, não ser espanhol (se cada vez que houvessem eleições num País da CE tivermos de gramar com todas as explicações acerca das formalidades eleitorais estaremos a cair no ridículo) e em segundo lugar, porque tenho quase a certeza de que mesmo que os atentados tivessem sido cá ou que algo tão relevante como o que se passou em Madrid esta semana se tivesse passado por terras Lusas, os chamados "nuestros hermanos" não dariam tanta cobertura ao nosso País. Achei todo o folclore ridículo e mais uma vez a demonstrar a subjugação a que estamos votados no que respeita ao País vizinho.

Para cúmulo ainda temos que gramar com um canal público de televisão (não irei fazer comentários aos privados pois esses não são financiados directamente por mim) a emitir reportagens e entrevistas, em directo ou pior ainda gravadas em que as entrevistas aos ditos "nuestros hermanos" não são nem legendadas nem dobradas. Acho isto estupidificante pois apesar de perceber o que lá foi dito (também não sou tão estúpido assim) não tenho que me sujeitar a ouvir peças em castelhano. Também sei inglês, percebo alguma coisa de francês, italiano e grego e não estou à espera que o meu serviço noticioso público lhe passe pela cabeça não traduzir comentários nestas línguas estando descansado e na certeza que alguma coisa irei apanhar.

Mais grave ainda é constatar que peças feitas por exemplo nos Açores (ao que sei ainda é português) são legendadas enquanto que as acima referidas não o foram.

Achei vergonhoso o que se tem passado na nossa televisão. Nunca tal tinha visto em nenhuma das muitas televisões estrangeiras que já vi. Penso que nunca verei uma televisão espanhola a fazer o mesmo que a nossa fez. Sinto-me vendido por meia dúzia de euros com a cara d'El-Rei.

Estas pequenas coisas ferem o meu orgulho nacional. Julgo não estar a ser demasiadamente nacionalista, embora ache que o nacionalismo é provavelmente aquilo que mais falta faz ao povo português. Note-se que não estou a falar em radicalismos!!! Apenas peço que me dignifiquem como cidadão deste País e que nos façamos dignificar no estrangeiro.
(...)».

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